sábado, 5 de janeiro de 2013

Das Igrejas e os Italianos

Teólogos e historiadores atribuem à Igreja algo como uma corrida de bastão - e que só vale  se for criada por um apóstolo de Cristo ou um dos 70 que o seguiram, ou os que seguiram sua linhagem teológica. Ou seja, Igreja é a Católica, a Ortodoxa, a Malankara, a Caldéia, a Armênia, a Copta, Etíope, a Síria, a Russa, a Anglicana, a Luterana. Tudo que foge a este conceito é uma seita, pois foge da própria etimologia da palavra IGREJA, derivada do  grego εκκλησία (ekklesia) ou latim (ecclesia).

Opiniões a parte, acredito que se mudasse de religião estaria automaticamente condenando todos meus antepassados. Sinceramente não acredito que o fato de um bisavô meu ter sido católico ou não seja fator preponderante para sua alma arder o fogo eterno. Da mesma forma, não é item de salvação. Então, logicamente se isso não é fator condenante, seguirei como meus familiares: católico apostólico romano até o final dos meus dias. A igreja católica é a que sepulta em sua principal basílica São Pedro e São Paulo, no local onde  segundo a história São Pedro, crucificado de cabeça para baixo disse ao segundo papa, São Lino antes de morrer: "tu és Pedro", atribuindo assim ao próximo bispo de Roma a mesma tarefa que Cristo o entregou tempos antes e tão bem descrita no evangelho de São Matheus.

A igreja já teve um papel mais importante na vida da família. A correria do dia a dia, a confusão que nos leva a depender do dinheiro e extraviar nosso caminho para outras seitas, a crise conjugal de nossos erros e que pecaminosamente jogamos a responsabilidade de sua correção no nosso "pobre" Deus, que sempre fez seu papel ao contrário de nós.... Mas voltando ao papel histórico e social, a igreja sempre foi um ponto importante no cotidiano dos Italianos no Brasil.

A Igreja era um dos pontos de convivência social da comunidade Italiana. A igreja registrou muito de nossa história antes de que os cartórios de registro civil tivessem a capilaridade que hoje possuem. 

Na Fazenda Guatapará meu pai foi batizado, crismado e casado, assim como outros tios da minha família paterna. Lá também foram casados meus tios bisavós maternos Giovanni Polito e Angela Monesin, assim como a provável missa de 7° dia da morte de sua filha Augusta, ocorrida provavelmente em 15/11/1894. As fotos abaixo são dessa templo simples, mas belo e muito importante para mim e diversos outros descendentes de Italianos.






A foto que segue é desesperadora, e mostra a falta de respeito de duas famílias de Italianos, uma dona  que comprou as terras, e a outra da família que administrou antes de vender. Também tem parte nessa desgraça um famoso político nacional, que jovem foi administrador da Fazenda, e que para minha surpresa também descende de Italianos. Ou seja, Italianos que cuspiram no prato em que tanto comeram, pois foram inúmeros os sacerdotes católicos que fizeram não só papel religioso, mas também social, numa época que o migrante europeu era tratado semelhantemente ao pobre coitado ex-escravo negro:


Esse local é exatamente onde a igreja da Fazenda Guatapará existia. Foi miseravelmente demolida, como toda a fazenda, exceto o cemitério, hoje abandonado e o benefício de café. Que sejam corretamente julgados por Deus, e que o ministério público e os órgãos de preservação do patrimônio histórico não permitam que sumam com os dois, aliás, deviam exigir sua restauração. Mas acho que estou sendo exigente demais para um país que ao contrário da Itália,  nada faz pelo seu passado.

Mas nem tudo é tristeza. Meus bisavós Lino e Giulia se casaram em Cravinhos no ano de 1900, na paróquia de São Jose (mais precisamente na capela São Benedito, pois ela foi erguida em 1888, e a Igreja principal de São José seria finalizada apenas em 1905):


Essa igreja sofreu um duro golpe em 24/02/2009: ela desabou após uma forte chuva:



Num ato heroico e exemplar, a paróquia e a comunidade se organizaram e restauraram o prédio, num sinal de amor e respeito não só a instituição, mas a arquitetura e a história da cidade e porque não, de tantas famílias Italianas que lá passaram (imagens do site da arquidiocese de Ribeirão Preto):




Nessa igreja casaram-se ao menos mais 2 irmãos de minha bisavó Giulia, assim como batizado um sobrinho de meu bisavô, que se chamara Lino também (provavelmente em sua homenagem).

Outra igreja de destaque é a Catedral de Ribeirão Preto, onde meus avós maternos se casaram, e que conserva e suas atas muito da história de minha família de tantas outras famílias Italianas:




Descreverei mais em outros posts com mais exatidão as preciosidades arquitetônicas que temos aqui em Ribeirão Preto, no tocante a nossas Igrejas.



5 comentários:

  1. Olá Fernando. Encontrei seu blog porque pesquiso a história da minha família. Sei que meu bisavô italiano, Giacomo Santello chegou na Fazendo Guatapara em 1891 (ou 1892), onde trabalhou e provavelmente se casou na igreja que você conta a história aqui. Depois (não sei exatamente quando) ele foi para a Argentina, mas voltou para a fazenda Guatapara (segundo registros no Memorial do Imigrante) com a esposa e filhos no ano de 1907. Nos registros do memorial, aparece "DESTINO GUATAPARA - FAZENDEIRO LUIZ MONTEIRO DINIZ JUNQUEIRA - JÁ ESTEVE LÁ HÁ 10"
    Anos depois ele foi para Birigui (não sei em que ano), onde comprou terras e mandou construir uma igreja idêntica a essa que foi destruída. Ela ainda existe e é patrimônio da comunidade de lá.
    Gostaria de trocar informações a respeito. Se puder, me escreva: silvinhagarcia@gmail.com
    Obrigada

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    1. Olá Silvia, tudo bem?
      Que legal que estuda sobre sua genealogia. É apaixonante mesmo, e no meu caso, muito forte pela ligação com a Fazenda Guatapará.
      Eu estou digitalizando dados de falecimentos na catedral de ribeirão, e encontrei até agora 3 óbitos de uma casal formado por Luigi Marangon e Regina Santello. Seriam seus parentes?
      Me fale sobre essa igreja em Birigui. Fiquei muito curioso, gostaria muito de saber mais detalhes? Fica na cidade ou em alguma Fazenda?
      O que puder trocar de informações, estou à disposição. Obrigado por se interessar pelo meu Blog.

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    2. Bom dia! Estou em busca de documentos para obter a cidadania italiana e vi que possuímos alguns pontos em comum. Sou da cidade de Birigui-SP e essa igreja que você cita fica na comunidade do bairro Baguaçu. Giacomo Santello e bisavo do meu pai e está enterrado juntamente com o avo dele Guilherme. Se tiver mais inginformaçe puder me ajudar.

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  2. Boa tarde Fernando tudo bem? Estou na busca pelas certidoes de meus antepassados para solicitar minha cidadania italiana. Já encontrei algumas mas não encontro a certidao de nascimento do meu bisavô José Bronzati... ja procurei em varios cartorios e nao obtive êxito... então gostaria de saber se você tem alguma coisa sobre Vincenzo Bronzati (a grafia do nome pode estar um pouco diferente, tipo Vicenti Bronzati) e José Bronzati seu filho. Vincenzo era meu tataravô e veio pro Brasil em 1899. Meu bisavô nasceu entre 1909 e 1910.
    Lhe agradeco muito por qualquer informação que tiver. Muito obrigada e parabéns pelo blog... muito legal saber das histórias dos nossos antepassados :)

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  3. Ola. tudo bem, quem é vc? tbm é Santello?Sou Andrea Santello, tbm tenho interesse sobre a historia da familia

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