A interessante publicação "Filhos do Café" disponível no site da Prefeitura de |Ribeirão Preto tem fotos e dados impressionantes:
A primeira coisa diversa que achei mostra a então Fazenda Guatapará em 1889 (ano do casamento de Giovanni Polito, na época em que provavelmente meu bisavô Lino teria morado). Observem o cenário: As matas atrás da colonia de casas. Uma foto maravilhosa:
Uma foto que mostra o então fundador Martinho Prado cuidando pessoalmente da Fazenda:
Outra coisa curiosíssima é a descrição que Monteiro Lobato faz da cidade de Ribeirão em carta a um amigo em 1907. Fala das prostitutas europeias, de sua diferença com as cidades paulistas e mineiras e também uma coisa bacana - já se bebia por essas bandas Champagne:
Rangel,
Estou seriamente endividado para contigo, em cartas, livros, cumprimento de promessas, pedaços de queijo... Mas explica-se a má finança. O mês de dezembro passei-o todo fora daqui, em S. Paulo e no Oeste.
Corri as linhas da Paulista, Mogiana e Sorocabana, com paradas nas inconcebíveis cidades que da noite para o dia o Café criou - S. Carlos, um lugarejo de ontem, hoje com 40 mil almas; Ribeirão Preto, com 60 mil; Araraquara, Piracicaba a formosa e outras. Vim de lá maravilhado e todo semeado de coragem nova, pois em toda a região da Terra Roxa -um puro óxido de ferro - recebi nas ventas um bafo de seiva, com pronunciado sabor de riqueza latente.
Em Ribeirão, a colheita do município foi o ano passado de 4 e meio milhões de arrobas -coisa fabulosa e nunca vista. Um fazendeiro, o Schmidt, colheu, só ele, 900.000 arrobas. Costumes, hábitos, idéias, tudo lá é diferente destas nossas cidades do velho S. Paulo e da tua Minas. Em Ribeirão dizem que há 800 “mulheres da vida”, todas“estrangeiras e caras”. Ninguém “ama” ali à nacional. O Moulin Rouge funciona há 12 anos e importa champanha e francesas diretamente.
A terra-chão, porém, é uma calamidade -”enferruja”, isto é, avermelha todas as pessoas e coisas, desde a fachada das casas até o nariz dos prefeitos. Vai um pacotinho de amostra. Não pense que é tinta, não. Lá ninguém mora; apenas estaciona para ganhar dinheiro. Esse meu passeio de 3.453 quilômetros de via férrea buliu muito com as minhas idéias.
[...] Eu mesmo gostaria de firmar-me por lá [...] Estou tentando ser nomeado para Ribeirão Preto... (Lobato, 1950 pp. 153-155)
Maravilhoso, não?
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