domingo, 3 de fevereiro de 2013

O triste fim de Amélia Polo

Pesquisar sua família é algo interessante. A genealogia, saber de onde você veio passa pelo fator cultural e até mesmo saúde, pois se pode descobrir tendências genéticas, etc, etc, etc. Papo de buteco então, dá de monte....

Mas isso também tem um lado sombrio: revolver o passado acaba trazendo coisas que não se sabia, e as vezes melhor que se não soubesse. As vezes, o passado retorna de forma um tanto quanto melancólica, triste, dolorosa. E conversando com minha mãe isso hoje aconteceu.

Eu tive uma tia avó chamada Amélia, irmã de meu avô Pedro. Soube da história dela hoje, e pelo menos hoje, rezarei por ela. 



É duro saber que o destino as vezes impossibilita a felicidade. Ou ao menos o casamento de fatores como destino, sociedade e época em que se vive.

Amélia era paralítica. Minha mãe não soube precisar se era paralítica de nascimento ou se teve paralisia infantil, ou algúm tipo de acidente ao longo da vida. Imagino que deva ser de nascimento, pois soube através do primo Orlando que o único filho natimorto de minha bisavó era gêmeo dela.

E em uma época em que o casamento era visto de uma forma diferente de hoje, e as contemporâneas e iniciantes / afamadas inclusão e acessibilidade eram inexistentes, ser paralítica era uma espécie de condenação, principalmente sentimental. Ainda mais para uma mulher.

O que mais me chamou atenção foi o último desejo dessa minha tia. Perto da morte, fez um pedido inusitado à sua cunhada e minha avó Iolanda: Pediu para que minha avó confeccionasse um vestido de noiva.  Seu último desejo era ser sepultada como uma noiva.

Seria isso um grande amor que nunca pode ser realizado ou ao menos expressado? Sabem disso hoje apenas Deus e ela onde estiver.

E assim foi feito. Morreu Amélia. E se foi noiva. Acredito que provavelmente a única mulher que merecera realmente portar o branco da pureza que o vestido de noiva tenta representar. Não por pudor, nem que essa pureza seja realmente benigna ao meu ver - mas existente apenas por força de uma época e condição social que a determinou de forma tão dolorosa, triste e melancólica.




8 comentários:

  1. Fernando essa historia que você postou é muito triste porem tem um fundo bonito, intrigante e melancolico. Aproveito para elogiar o seu blog que esta muito interessante, leio sempre que posso e me identifico com algumas histórias. Um abraço
    Gio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo Giovanna, também gostei muito dessa historia. Diante disso nós vermos o quando nos desesperamos por coisas tão banais enquanto pessoas morrem sem realizar pequenos sonhos

      Excluir
  2. Olá Giovanna/André,

    Muito obrigado pelo interesse pelo Blog. Estarei sempre atualizando, são quase 10 anos de pesquisa familiar, a que chamo de arqueológica...
    Sairão ainda muitas histórias com certeza.

    Abraço !!!

    ResponderExcluir
  3. Olá Fernando!

    Que história emocionante!
    Parece cena de novela, filme...
    Olha, tô aqui maravilhada com seu blog, viu?
    Gosto de História, Genealogia e por conta disso descobri um lance, na verdade, uma lacuna que estava na família do meu falecido sogro.
    É, esse é um dos benefícios que a curiosidade pelo passado/Net proporcionam a nós, eternos saudosistas!
    Fazenda Guatapará...
    Regina Gerhardt Hoelzle...
    Esse era o nome da bisavó do meu marido. Alemã de nascimento.
    Não sei ao certo, se ela trabalhava na Fazenda Guatapará, mas a sua filha Mathilde, avó do meu marido, morava na vila.
    Os filhos, posteriormente, passaram a trabalhar e residir na Fazenda Guatapará.
    Possuíam o sobrenome Prado, por conta de um espanhol que casou-se com a avó do meu marido.
    Não, ele não pertencia à família Prado, fundadores da Fazenda Guatapará, mas bem que podiam, viu?...hehehe
    Aliás, a famosa e tradicional família Prado foi motivo de pesquisa de minha parte.
    Descobri que a antiga fazenda, localizada ao lado do meu condomínio, pertencia à Maria Helena Prado Ramos, neta do Conde Álvares Penteado e bisneta de Martinico Prado.
    Enfim, pretendo visitar a cidade de Guatapará, final do ano.
    Estive lá pela primeira vez, quando ainda funcionava a bela fazenda!
    Depois voltamos há cerca de uns 15 anos atrás, tudo já havia desativado, infelizmente!
    Será que há condições de entrar lá? Gostaria de fotografar o que sobrou...
    De qualquer modo, ficou a saudade, não é?

    Abraços

    ResponderExcluir
  4. Muito legal seu blog!
    Perdi meu avô Severino Bortolotto há 10 anos; um homem memorável que me faz sentir curiosidade pela genética que eu carrego.

    Viva a história!

    ResponderExcluir
  5. Pessoal, muito obrigado pela leitura!!!

    Fernando

    ResponderExcluir
  6. Sou neto da Alice Hoelzle, irmã da Mathilde e filho do Plinio o irmão do Laudir e do Sebastião, se chamava Regina Leonhardt Hoelzle e nao Gerhardt. Era austriaca e não alemã!

    ResponderExcluir