sexta-feira, 22 de maio de 2015

A vida dos Italianos nos trópicos foi muito diferente do que se fala e pensa.....

Vivemos em uma democracia (em tese ao menos). E nessa democracia bolivariana, para alimento do sistema de dependência do estado, a famigerada e disfarçada manipulação da massa ignorante por ações de "justiça social"  - cotas, bolsas, vales, e casas cadentes e baratas além dos cargos em concursos segregados para etnias não caucasianas. Seria isso justo? Sensato? Será?

Longe de que a história de pessoas destas etnias tenha sido fácil, mas fico muito chateado quando os modernos sociopatas deste país que não vingou induzem em suas palavras que a vida dos imigrantes europeus e japoneses tenha sido fácil. Isso é talvez, do ponto de vista histórico uma das maiores sacanagens que se documenta hoje, pelo menos em ambiente bolivariano. Encontrei nos registros da Guatapará uma singela prova do quanto esta saga foi e é difícil. Mas alivia-me quando vejo que em alguns rincões deste país se deu o desenvolvimento por causa de nosso sangue. Porque o italiano, o alemão, o japonês conseguiu? Facilidade? Não com certeza. Vejam esse registros:



Constante Thomaz: "Aos dezenove de fevereiro de mil oitocentos e noventa e cinco, foi apresentado aos nomes para fazer o assento do óbito de: Constante Thomaz, de cincoenta e dois annos de idade, natural de Levico, casado com Pulcheria Thomasi, fallecido de inflamação de fígado na fazenda do Dr. Martinho Prado, fazenda Guatapará e sepultado no cemitério da mesma fasenda em dose de Agosto de mil oitocentos e noventa e um. E para constar mandei fazer o presente assento."




Emma Thomazi: "Aos dezenove de Fevereiro de mil oitocentos e noventa e cinco, apresentaram-me os nomes e declarações precisas, do óbito de: Emma Thomazini, de tres anos de idade, filha legítima de Thomazi Constante (já fallecido) e de Pulcheria Thomasi, falecida na Fasenda Guatapará, proveniente de febre, e sepultada no cemitério da referida fazenda. E para constar, digo, sepultada no cemitério da mesma fazenda a vinte de Fevereiro de mil oitocentos e oitenta e nove"



Carlota Thomasi: "Aos dezenove de fevereiro de mil oitocentos e noventa e cinco, fizeram entrega dos nomes e mais declaração de óbito de: Carlota Thomasi, onze annos de idade, filha legítima de Thomasi Constante (já fallecido) de febre e e sepultada no ceitério da Fazenda Guatapará. E para constar mandei fazer o presente assento que firmo, digo, sepultada no cemitério da fazenda Guatapará, em dose de março de mil oitocentos e oitenta e nove."

Vejamos: Em pouquíssimo tempo o pai Constante Thomazi (12/08/1891), e as filhas Emma (20/02/1889) e Carlota (12/03/1889) faleceram. Em menos de um mês duas filhas e um ano e meio após elas um pai morreram das malatie tão comuns aos europeus sem resistência aos males tropicais. Mas como já disse neste blog, a mãe, Pulcheria Thomazi, não havia falecido pelos registros. Que raios de paradeiro esse desgostosa italiana levou? 

Descobri algo que me perturbou. Mostrou a fragilidade e a dificuldade que as famílias italianas enfrentaram ao longo de sua jornada nestas terras tupiniquins: 


Carlota. Aos seis de Janeiro de mil oitocentos e noventa e um, na Fazenda Guatapará Municipio d´esta Parochia baptisei solenemente a Carlota, nascida a vinte de Novembro passado, filha legítima de Thomaz Constante, já fallecido, e de Pulcheria Thomazi; sendo padrinhos Moschem Leone e Paschini Carlota"

Vejamos agora: em 20/11/1890 nascia outra menina, de nome Carlota igual à irmã falecida 20 meses antes, numa provável homenagem à madrinha. Menina esta que, assim como suas irmãs, se tornaria órfã com a idade de 9 meses.

E essa mulher, Pulcheria? Viúva com uma filha de 9 meses nos braços, com a também infinita dor de perder duas filhas crianças. Que triste sina desta italiana na terra que era vista como uma terra de oportunidades.

Se Pulcheria estivesse viva? Poderia entrar até na bolsa, na casinha. Mas e a filha dela, entraria na universidade? E no concurso público, pagaria o preço da disputa mais difícil pela pele clara e seus olhos de provável azul ou verde? 

Vivemos num território desigual. De leis fracas, que excluem o pobre ou que ao menos, desrespeita aquele que conseguiu algo com sua luta. Uso o termo território porque onde nossa cultura permanece (ao contrário de minha Ribeirão, que os usineiros fizeram o favor de destruir trazendo gente de tudo quanto jeito), temos um outro país, outro padrão de vida, de beleza, de ideologia. Estes que conseguem isso, tiveram seus familiares em sua história alguma facilidade? A vida foi mole? 

Com esses registros, fica claro que não.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

O nascimento de Maria Polito na Guatapará

Achei em minhas buscas a primogênita de Giovanni Polito: Maria Polito.

Embora já saiba os prováveis filhos de Giovanni Polito e Angela Molisin, Não sabia a ordem de nascimento, a qual começo a desvendar:

Diz o registro: Batizou-se m 14/11/1889, na Fazenda Guatapará, Maria, de 30 dias, filha de João Pulito e Angela Mosin, tendo como padrinhos Natale Olivo e Veneranda Giandretta.

O registro induz dados que eles realmente moraram desde o início na Fazenda Guatapará, e que como João e Angela se casaram em 28/02 do mesmo ano, ela nascera prematura.




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A Morte de Rosa Taurico

Meu trisavô teve 3 (sim, 3) casamentos. Em uma época que nem se cogitava existir algo como a televisão ou mesmo luz elétrica, isso deveria ser mesmo a diversão da moçada. Falando sério, tanto para homens e principalmente para mulheres, a falta de um parceiro(a) era de imenso desfavor no sustento dos filhos e do próprio sustento. As pessoas precisavam mais umas das outras (e quem sabe isso não seria o segredo dos casamentos durarem mais em relação aos de hoje. Afinal, quando percebemos o quão importante é o papel dos outros em nossa vida, mais difícil abandonar os relacionamentos).

Com ajuda de pesquisadores na Itália descobri que Pietro Polo se casara inicialmente com Anna De Bortoli. Essa informação surgiu graças aos dados do segundo do casamento dele, em que essa viuvez era mencionada. Nos controle de imigração não temos nenhum registro de um Polo que tenha essa mãe e pai em comum.

O casamento com Rosa Taurico ocorreu em 06/11/1867,conforme essa foto do registro do livro de matrimônios da paróquia da frazione di La Salute di Livenza, em San Stino di Livenza:


Filha de Teodoro Taurico e Laura Bruzatin, o registro é incompleto, não possuindo sua data de nascimento. Cita apenas sua naturalidade, nascendo em San Giorgio di Caorle. Posteriormente descobri que ela se casara com 20 anos (o meu trisavô tinha 32).

Depois de pesquisar um pouco, descobri o falecimento dela, 10 anos depois de se casar. Em 09/01/1877, falece Rosa Taurico, de 30 anos completos em San Stino. No registro cita-se "maritata da Polo":



O registro afirma que nasceu em Cavazzucherina (atual Jesolo) ao invés de Caorle. Se confirmam os nomes dos pais, mas o registro não cita nomes de filhos. Sabe-se até o momento que era mãe de Giovanni Batista, o irmão mais velho do nonno que veio para o Brasil primeiro, e que meu primo Mario se recorda vagamente dele ter retornado para servir ao Exercito do Reino da Itália.

Suponho que tivera mais filhos, em um casamento de 10 anos. Porém, não achei até o momento outros dados. Pietro seria pai novamente em 1879 e se casaria novamente apenas em 1886, provavelmente para se adequar as listas de imigração e pelas leis da época, legitimar o filho Lino Polo.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Casamento de Silverio e Iside

Em setembro de 1882 Thomas Edison realizou seu épico momento de marketing sobre a eletricidade, iluminando um pedaço de Nova Yorque. Poucos dias depois, em 08/09/1882, meus trisavós Silverio Fruggeri e Iside Gottardelli se casariam na cidade de Castel d´Ario, Mantova (ou seja, há muito tempo). O registro é maravilhoso.

Primeiro os dados de Silverio. Com então 24 anos, era filho de Antonio (52 anos) (e diga-se alterou meus estudos, porque deduzia que seu pai se chamava Pietro), e de Angela Caporali (50 anos). Um fato muito curioso é que no endereço dos pais, o juiz assinou como "America Meridionale". Isso quer dizer que seus pais estavam morando na América do Sul em 1882, numa primeira onda de migração que sequer tenho documentos: 


Já Iside, 21 anos, era filha de Luigi Gottardelli (50) e Bettiglia Vivaldi, residentes em Castel d´Ario. Além de confirmar o raro sobrenome (segundo o atual censo da Itália, apenas 79 pessoas vivas com esse sobrenome atualmente), me trouxe o nome de meus tataravós, que não tinha até então. Outro fato curioso é que a profissão de Luigi era "Cacciatore", ou seja, caçador:


Ainda no final, cita-se que os documentos de nascimento foram fornecidos pelas paróquias de Caste ´Ario (ele) e da Frazioni (Qual delas?) de Roncoferraro.

Mais dados para pesquisa, deste registro maravilhoso.

Mais sobre os FRUGGERI

O sobrenome Fruggeri é também muito antigo. Segundo o instituto de aráldica italiano, trata-se de um sobrenome de origem normanda. Cristoforo Fruggeri era padre e escritor canônico na Basílica de São Pedro em Roma em 1461. Giovanni Fruggeri foi marechal em Roma eleito pelo Rei Carlo I, e Giulio Fruggeri foi sacristão do Papa Pio V e do Rei Segismundo I da Polônia em 1570.


Na história mais recente, em pesquisa no archivio di stato di Mantova (e graças aos dados do documento da minha tia bisavó Giuditta Angiolina), encontramos o nascimento de seu irmão, Mario Antonio, nascido em 1886: 

http://ricerchefamiliari.lombardinelmondo.org/images/minus2.gif 002
FRUGGERI
MARIO
1886
MANTOVA
Maternità
Paternità
Data Nascita
Comune Nascita
Comune Residenza
GOTTARDELLI ISIDE
SILVERIO
5/10/1886
CASTEL D'ARIO (MN)
CASTEL D'ARIO (MN)

A confirmação da cidade de Castel d´Ario como cidade de origem facilitou as coisas. Ainda no Arquivo consegui o digital do índice de nascimentos dos irmãos Elisabetta, Mario Antonio e Giuditta Angiolina. O curioso é Elisabetta ser grafada como Frigeri:


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Mais uma descoberta: Não é Frigeri. É FRUGGERI

Eu não havia percebido. E estava o tempo todo na minha frente. Pra ser sincero, até achei que tratava-se de um erro a primeira vez que vi.

Quando busquei os dados de registro de óbito de minha bisavó Delphina, me deparei com Frugeri, ao invés de Frigeri, que todo mundo dizia ser correto.

Percebi depois que nos registros de nascimento de minha bisavó e no registro de seu irmão Cesar, o mesmo Frugeri.

E pesquisando direto, descobri algo muito interessante: Minha tia bisavó que desembarcara em 1887 viajou para o exterior ainda em 1942. A menina registrada como Angiolina se chamava Giuditta Angiolina Fruggeri.

No site da igreja mórmon encontrei a ficha do DOPS com dados muito interessantes, como a confirmação de sua idade, a também confirmação de sua origem Mantovana e que vivia em Ribeirão Preto.


 Outro dado interessante é a confirmação do nome de minha trisavó: Iside Gottardelli.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O antigo sobrenome da Nonna Giulia

Zuanon é mesmo um sobrenome muito antigo. Segundo o historiador Paolo Mioto:

"Zuanon: anche questa forma cognominale, oggi assai diffusa in tutto il comprensorio cittadellese, era presente nel 1409 a Campretto con Berto Zuanon e altri eredi della stessa schiatta. Lo stesso Berto era anche vassallo del monastero di S. Croce di Campese lavorando a Campretto sette appezzamenti di terreno di varia natura per i quali versava un canone annuo di 6 lire, 10 soldi e 2 soldi piccoli, al quale andava aggiunto l’onoranza di un paio di galline. Il cognome é un derivato alterato del nome personale ebraico Giovanni che significa Dio ha avuto misericordia. Gli Zuanon di Borghetto provengono da S. Giustina in Colle da dove giunsero agli inizi degli anni Cinquanta."

Fonte: https://storiadentrolamemoria.wordpress.com/tag/cognomi/

Percebamos que há 505 anos o sobrenome Zuanon já existia (e antes sequer do Brasil existir), sendo derivado da forma hebraica de Giovanni, que pode ser traduzido como "Deus teve misericórdia". 

Campretto, lugar em que o então vassalo Berto Zuanon lavorava é distrito de San Martino de Lupari, cidade onde meus trisavós se casaram. O monastério foi fundado em 21 de Janeiro de 1155 por autoria do Papa Adriano IV (um papa de nacionalidade inglesa, o único aliás). O site da paróquia de San Martino assegura que porém, já haviam edifícios religiosos no local no ano 1000.